Regulação e infidelidade: sobre a legitimidade da traição na atuação docente em tempos de políticas regulatórias intensificadas
Roberto Sidnei Macedo, Denise Guerra, Sílvia Michele Macedo de Sá, Ronald Carvalho
RESUMO
O presente texto trata da traição como uma noção político-epistemológica vinculada à atuação docente. Argumenta sobre a transversalidade dessa ação, através de dispositivos conceituais como a negatricidade, a autorização, a impureza e a alteração. Tem suas inspirações pautadas na epistemologia multirreferencial desenvolvida e esgarçada no contexto da Escola de Ciências da Educação da Universidade de Paris 8. A perspectiva de traição desenvolvida neste artigo implica-se no desejo de se pensar em estratégias de escape diante das regulações intensificadas que transbordam nas políticas educacionais brasileiras. Articulando a epistemologia multirreferencial configurada por Jacques Ardoino com a teoria etnometodológica de Harold Garfinkel, o texto desenvolve a perspectiva da infidelidade, compreendendo-a como uma ação etnometódica político-generativa, implicada à atuação docente, com possibilidades significativas para se desjogar e virar o jogo das políticas restritivas e homogeneizantes, que se tornaram lugar comum nas políticas educacionais dos últimos anos no Brasil.
Palavras-chave: regulação; traição; atuação docente.