Pesquisa e mobilidade na cibercultura: itinerâncias docentes
Apresentação
Este livro é um dos produtos resultantes do projeto de pesquisa “Tecnologias digitais e mobilidade: novas potencialidades para a educação no século XXI”. Este projeto de pesquisa colaborativa visou promover uma maior compreensão das relações existentes entre a educação, tecnologias digitais e mobilidade. O principal objetivo do projeto foi compreender como as tecnologias digitais e a mobilidade podem contribuir para a pesquisa e a forma- ção no atual contexto da cibercultura em espaços formais e não formais de aprendizagem. O projeto foi aprovado no Edital da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (CAPES/FAPITEC/SE N 06/2012) – Programa de Estímulo a Mobilidade e ao Aumento da Coopera- ção Acadêmica da Pós-Graduação em Sergipe (PROMOB).
Entendemos por cibercultura toda produção cultural e fenômenos sociotécnicos que emergem da relação entre seres humanos e objetos técnicos digitalizados em conexão com a internet, rede mundial de computadores. Em sua fase atual, a cibercultura vem se caracterizando pela emergência da mobilidade ubíqua em conectividade com o ciberespaço e as cidades. As tecnologias de conexão móvel têm permitido cada vez mais a mobilidade ubíqua e, com isso, a instituição de novas práticas culturais na cibercultura. Essas novas formas de acesso não só mudaram a nossa relação com o ciberespaço em si, mas também vêm modificando radicalmente a nossa relação 12 PESQUISA E MOBILIDADE NA CIBERCULTURA com os espaços urbanos em geral e destes com o próprio ciberespaço. (SANTELLA, 2008, 2010) Outras e novas redes educativas estão em emergência.
Redes educativas são espaços multirreferenciais de aprendizagem, espaços plurais nos quais seres humanos e objetos técnicos reinventam seus cotidianos. (SANTOS, 2011, 2012, 2014) Além dos espaços e lugares plurais, entendemos redes educativas também como modos de pensamento, uma vez que a construção do conhecimento é tecida em rede, a partir das aprendizagens construídas pela apropriação dos diversos artefatos culturais, tecnologias, interações sociais entre outros. Aprendemos porque nos comunicamos, fazemos cultura e produzimos sentidos e significados. Enfim, significamos, com nossas redes intrapsicológicas, em interação constante com nossas múltiplas redes interpsicológicas, condicionadas pela cultura em suas multifacetadas relações. (SANTOS, 2012) Este é o contexto que nos motivou a reunir nessa obra autores ligados a grupos de pesquisa que vêm se dedicando a investigar fenômenos sociotécnicos e culturais mediados pelas tecnologias digitais de informação e comunicação e suas implicações para os processos de aprendizagem e docência. O aspecto que une esses grupos de pesquisa é a preocupação em compreender como as interfaces digitais poderiam contribuir para a produção do conhecimento, aproximando o currículo escolar das práticas comunicacionais ciberculturais de professores e alunos, seja na educação on-line, seja nos processos educacionais presenciais dentro e fora da escola.
O livro está organizado em quatro partes. Na parte 1, reunimos artigos do grupo de trabalho diretamente envolvido no PROMOB (Universidade Tiradentes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal da Bahia), em especial produções coletivas de professores-orientadores em parceria direta com professores-orientandos. Na parte 2, reunimos trabalhos relacionados diretamente com a temática da docência na cibercultura. A parte 3 é composta por trabalhos referentes às discussões sobre juventude e cibercultura e, na parte 4, contamos com a contribuições de colegas e parceiros de outras instituições e redes educativas também implicados com o desafio de educar e pesquisa a educação em tempos de cibercultura.