Antônio Flávio Barbosa Moreira
Antônio Flávio Barbosa Moreira
Estudioso do campo do Currículo desde a década de 1980, o professor e pesquisador Antônio Flávio Barbosa Moreira acompanha com interesse as novas influências e os novos caminhos que vem configurando este campo no Brasil. Entre os trabalhos de sua vasta produção teórica estão os livros Currículos e programas no Brasil (2015) e Currículo: questões atuais (2007), em suas 18ª e 13ª edições, respectivamente, ambos pela Editora Papirus e Currículo, cultura e sociedade (Cortez, 2011), em sua 12ª edição, organizada conjuntamente com Tomaz Tadeu da Silva. Além de outros títulos de grande aceitação acadêmica, escritos individual ou coletivamente com autores renomados como José Augusto Pacheco e Vera Candau, o estudioso em questão também é responsável pela maior difusão do pensamento de Michael Young no Brasil, inclusive, tendo sido orientado por esse sociólogo da educação britânico durante o seu Doutorado em Educação, pela University of London, na Inglaterra. A obra de Moreira, vinculada ao pensamento das teorias críticas em Currículo, e influenciada pela Nova Sociologia da Educação, se situa nos estudos da vertente do multiculturalismo crítico no campo curricular mesclando proposições críticas com o influxo dos Estudos Culturais, matizando-as com a apropriação de inquietações pós-modernas.
Contrário à imposição da inserção do currículo em sintonia com as demandas de uma sociedade capitalista pautadas por desigualdades que silencia indivíduos e grupos, Moreira advoga a assunção de que a sociedade é multicultural e que as relações de força entre elas são desiguais. Tecendo reflexões particulares sobre a relação entre currículo, poder e sociedade, o estudioso afirma que o currículo precisa dar conta, ao mesmo tempo, do respeito à diferença e do compromisso da escola com a promoção da justiça social. Ademais, o autor tem criticado o quanto o campo do currículo tem-se afastado, por vezes, da escola e dos atores sociais envolvidos/implicados com o ato pedagógico, no sentido de desafiar e transformar relações de poder opressoras e discriminatórias, em favor da construção de identidades outras que se contraponham às hegemônicas. Nestas perspectivas, ao FORMACCE, enquanto exemplo de grupo pós-formal que tem na história da teoria crítica do currículo sua inspiração fundante, Moreira contribui, através da sua reconhecida capacidade de dialogar e propor reflexões, com suas pre-ocupações epistemológicas e político-pedagógicas, tanto no âmbito das políticas curriculares no Brasil quanto na defesa da garantia da participação das diferenças nas construções curriculares. Isso reforça em nós, formaccianistas, o compromisso de atores e autores de perspectivas multirreferenciais e intercríticas no socioconstrucionismo curricular e nas concepções de formação que, implícita ou explicitamente, são vinculadas nos currículos.
Referências
LOPES, A. C.; MACEDO, E. Teorias de currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
MACEDO, R. S. Currículo: campo, conceito e pesquisa. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
MOREIRA, A. F. B. Currículo lattes. Disponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4781040T6. Acesso em: 28 jul. 2016.
MOREIRA, A. F. B. Prefácio. IN: MACEDO, R. S. Atos de currículo e autonomia pedagógica: o socioconstrucionismo curricular em perspectiva. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 9-12.